Registrar uma obra é uma das tarefas mais absurdas que alguém possa admitir para si.Perseguir fiapos de explicações dispersos por todos os cantos, juntá-los como ouro em pó na ventania, suplicar por um dedo de esclarecimento sem ser atendida. Sim, nossa trajetória nos mostrou o quanto é penoso encarar o trabalho de arte sem a presença do artista. Ou melhor, com a ausência proposital dele. “Nem um dedo de prosa”.O que escrever então?O que se faz luminoso nessa escuridão para nossos olhos inexperientes? De fato, sabemos que esse mundo somente o próprio artista desvenda.Digamos que foi penoso, no sentido das descobertas. Digamos que repetiríamos a aventura sem pestanejar. Uma atelier que encerra décadas de história não é para passeio ou para se descobrir belas obras. Lá, nos meandros do atelier, sabemos de todas as coincidências que uma obra de arte impinge, sem distinção, aos seus transeuntes. Lá, pudemos perceber a existência desse mundo mágico, rico, secreto e fugidio, que se relaciona sem medo com os imaginários humanos, que reflete no espelho que é o artista, toda a sua glória de existir e de se mostrar para todos.
Taís Wonder Grimme / Fotos: Mira Serrer Rufo
Taís Wonder Grimme / Fotos: Mira Serrer Rufo